LAGUNA- UM RECANTO LUSITANO NO SUL BRASILEIRO

Fundada em 1684 pelo Bandeirante Vicentino Domingos de Brito Peixoto, a Vila de Santo Antônio de Laguna dos Anjos pertencia à Capitania de Santana, marco limite dos Domínios Lusitanos na América, conforme Tratado de Tordesilhas de 1494. A queda no comércio internacional da Cana de Açúcar no Nordeste Brasileiro em idos do Século XVII, substituído pelo Holandês de melhor qualidade fabricado no Caribe, fez com que a Orientação Colonial Portuguesa se expandisse para novos territórios, muito além do Tratado de Tordesilhas, principalmente na busca de Metais Preciosos e Mão de Obra Indígena, tendo como protagonista os Bandeirantes de São Vicente, descendentes dos “Fidalgos Portugueses”. Quase todas as zonas invadidas estavam sob Jurisdição Castelhana que não se mostrava ativa na administração dessa imensa faixa de terra periférica, pois seu foco colonizador estava voltado exclusivamente para a “riqueza inesgotável” do Peru e México.

Esses Aventureiros Paulistas, tantas vezes, discriminados por serem incultos e bárbaros, lograriam a façanha de estender consideravelmente a Colônia Portuguesa no Novo Mundo. Eles foram os responsáveis pela entrada Lusitana na desembocadura do Río de la Plata, correspondendo assim ao antigo desejo dos seus governantes de controlar em parte o desembarque das minas argentíferas de Potosí. Nesse contexto Laguna serviu de Ponto Estratégico para a empreitada rumo às Terras Meridionais, impulsionada anteriormente pela União Ibérica (1580- 1640), junção de ambas Coroas de Portugal e Castela, na qual os Portugueses conseguiram se fixar timidamente em Buenos Aires como competentes comerciantes. Durante o Período Colonial, Laguna e Desterro (Florianópolis) foram bases militares e receptoras de Imigrantes Açorianos, a fim de habitar esses Pagos Sulinos com uma firme convicção de povoamento. A partir dessa Atitude Política nasceram os atuais estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina; talvez por mera ironia do destino, ambos viriam a compor o Imenso Brasil.

Acima está ilustrado o Brasão de Laguna, exibindo dois homens de Armas; à esquerda está um Típico Explorador Bandeirante e a Direita um Soldado do Regimento Catarinense, mais comumente denominado “Barriga Verde”. Eles seguram o Escudo Heráldico, cujo ápice ostenta a Coroa Real Primitiva das Municipalidades. Logo após se divide em três: na parte superior estão dois anjos que anunciam Santo Antônio de Pádua, simbolizando a Arma Falante; no meio rubro se encontram os símbolos das Ilustres Famílias Co- fundadoras da cidade e lutadoras para Fixação Lusitana nos Campos Gaúchos; os Pintos em forma Torre, a Cruz dos Magalhães e os Bandeiras com seu Leão Azul Dourado. Abaixo, em fundo marinho, a data fundadora da República Juliana (Catarinense) de 22.07.1839 com seu Ideal Farrapo de “Liberdade, Fraternidade e Humanidade”. E finalmente, o lema do município em latim, que significa “Para o Sul levei o Brasil”.

Caminhar pelas ruelas de Laguna é uma experiência que remete a sentimentos de nostalgia, em recordar um passado ainda distante, simplicidade no modo de ser lusitano, e sossego por estar fixada no Litoral, respirando assim a suave Brisa do Mar. Para quem deseja conhecer o País de Camões, Laguna é uma fiel cópia daquilo que você irá observar em Portugal, cujas semelhanças são visíveis não somente na Arquitetura das Clássicas Construções, como também nos costumes dos habitantes com sua culinária, baseada em frutos do mar, e no jeito peculiar de falar. Essa bela cidade sintetiza o que melhor os portugueses legaram em suas Possessões do Além Mar. Agora, lhe mostrarei através das minhas fotografias, um agradável roteiro sobre como melhor contemplar Laguna. Ao final, você curtirá formosas praias de Águas Límpidas, juntamente com seu notável Aspecto Cultural, indispensável para nossa consciência de Identidade como Nação Soberana.

Caro leitor (a) inicie a visita a partir do Centro Histórico, passando pelo Mercado Público de Laguna na beira da Lagoa Santo Antônio dos Anjos, aonde você observa tendas de produtos artesanais, carnes e peixes; depois comece a desvendar as Charmosas Ruas de Laguna, sendo que a principal está localizada a linda Igreja Matriz em Estilo Barroco, tanto por fora quanto por dentro, vale a pena conferir. Acima dê uma olhada no Cemitério da Irmandade de Laguna de 1753; ali se enterravam seus importantes cidadãos. No lado direito, verá a Casa Museu Anita Garibaldi, cuja uma entrada custa apenas R$ 2.00. Ali se exibem utensílios domésticos, móveis da Época Farroupilha e pinturas com seu amante Giuseppe Garibaldi. Essa residência de três séculos tem um impressionante estado de conservação, mostrando como as construções antigas são fortes. Enfim, continue explorando Laguna Histórica sem rumo rsrs... Não se preocupe, todos Pontos Turísticos se encontram bem perto de você.

No coração de Laguna você percorrerá lindas Edificações Açorianas com suas Residências Coloridas, visualizando a Praça Anita Garibaldi em que se situa o Museu da Casa de Câmara, dedicado a peças do Brasil Imperial, na qual era a Antiga Cadeia de Laguna. Em seguida, visite a Fonte da Carioca, que abastecia a cidade. Se quiser leve um galão de água e pegue, não tem problema é grátis! Ao lado está a Casa de Pinto D’Ulysséa ("Quinta de Portugal"- Estilo Arquitetônico), em apologia ao ilustre Médico e Político do Brasil Oitocentista, toda feita de azulejos. Voltando, você passará pela Praça Jerônimo Coelho, um dos fundadores da Maçonaria Lagunense, chegando ao Terminal Rodoviário, próximo ao Monumento Marco de Tordesilhas, construído em 1994 em comemoração aos quinhentos anos da existência desse tratado; exatamente naquele local, terminava aquela Linha Imaginária, muito interessante... Após isso, faça que nem caranguejo, somente ande pela margem da lagoa, apreciando ainda mais o Centro Histórico, indo direto ao Hospital de Laguna, prédio mais pomposo do município, já a caminho do Morro da Glória.

É imprescindível visitar o Morro da Glória e apreciar a beleza do seu mirante, enxergando praticamente todo Centro Histórico, a Barra da Lagoa, junto às Praias do Mar Grosso e Gil. Existe lá um lindo monumento em granito de Nossa Senhora da Glória, que abençoa Laguna, tipo Cristo Redentor, onde você pode observá-la de qualquer parte da cidade. Depois, se desce diretamente para a badalada Praia do Mar Grosso com sua próspera Avenida Senador Galotti, rodeada de Hotéis. Durante à tarde tome um refrescante banho de mar e pense na vida cominhando sob a orla até encontrar as pedras que dividem com a “selvagem” e “desbravada” Praia do Gil (Laguna Internacional). À noite, jante nos simpáticos bares e restaurantes do Mar Grosso sempre bem atendido pelos Lagunenses. Porém, antes de se comer, passe nas 'descontraídas lojas' que tem as melhores marcas do Surf; se desejar compre, pois o preço é convidativo.

Na manhã seguinte, conheça a Barra da Lagoa e seus molhes, cheio de pescadores e surfistas. Logo no início, está localizado o pujante Porto de Laguna que durante o Século XIX, serviu para o desembarque de alemães, responsáveis por desenvolver e habitar Santa Catarina. No Século XX, teve uma importância econômica no escoamento de carvão, entretanto, hoje serve como uma Base Militar da Marinha, mantendo algum resquício comercial. Ah, não se esqueça de ir ao Obelisco do Porto,

uma obra inaugurada por Getúlio Vargas, feito de pedras nobres. Volte para Barra da Lagoa, tendo a fantástica vista do Mar Grosso, perto do Farolzinho. Enfim, lá se encontra a foz, que contrasta a fúria das águas do Oceano com a calmaria da Lagoa.

Já no início da tarde, faça o último e mais eletrizante roteiro dessa aventura por Laguna, conheça o famoso Farol de Santa Marta, um dos maiores do mundo em alcance de visão marítima. Bom, o único requisito é ter um carro ou se conseguir carona melhor, porque o trajeto penoso exige paciência para o motorista. A princípio, se pega uma balsa, pagando R$ 8.00 para atravessar a margem da lagoa; aí tudo normal, mas o problema é a estrada, toda de chão batido, percorrendo 17.5km para se chegar lá; na primeira metade do caminho, sem problemas, você assistirá a vida tranqüila das pequenas vilas ribeirinhas com suas chácaras. Contudo, quando se aproxima do Farol, a estrada fica esburacada e pior se passa por dunas. Enfim, o esforço do Rali é recompensado, porque o Farol de Santa Marta, encima de uma monte, reina imponente, aonde se vê algumas praias desertas de natureza exuberante; a mais badalada delas, a Prainha, adequada ao Surf e reduto de jovens. Na realidade, existe um certo desenvolvimento naquele distrito de Laguna, voltado para a moçada. Eu acredito que o turismo de massa forçara em breve um melhoramento na Infra- estrutura.

Estimado amigo (a), termino essa maravilhosa viagem por Laguna, regressando pela BR 101 através de Jaguaruna- Barra do Camacho, município vizinho, andando mais 20 km por uma boa rodovia de concessão estadual.

Desde Porto Alegre são aproximadamente 360 km de distância, indo pela BR 290 até o Osório, unindo-se à BR 101, praticamente duplicada, facilitando nossas vidas... rsrs. Veja conforme o Mapa via Satélite do Google Earth, o trajeto completo.

Para mim, Laguna sempre trouxe bons fluídos; me apaixonei por ela em 2003, quando fui pela primeira vez. Agora na segunda, mesclei ambas experiências para concretizar a presente publicação. Espero que vocês gostem da Encantadora Laguna, que inspira um dramático Fado Lisboeta... hehe

Forte Abraço

MARCO DE TORDESILHAS